segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Eu sou meu chefe: quem disse que é fácil?

Muitas vezes sem formação específica em Administração, profissionais liberais precisam exercer suas profissões e, ao mesmo tempo, administrar seus negócios.

Por Simão Mairins, www.administradores.com.br

A cultura do empreendedorismo tem ganhado cada vez mais força no Brasil, com o desenvolvimento da economia, a expansão das políticas de apoio e a diversificação dos modelos de tributação. Para se ter uma ideia, o país – que possui a maior taxa empreendedora do G20 e do Bric, segundo o GEM (Global Entrepreneurship Monitor) – conta atualmente com mais de 6 milhões de micro e pequenas empresas e quase 2 milhões de empreendedores individuais formalizados, de acordo com dados dos ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

Nessa massa, há um grupo normalmente pouco lembrado nas discussões sobre o assunto. É o que inclui aqueles que, para exercer suas carreiras, precisam se dividir entre uma profissão principal e a atividade administrativa, como advogados (na administração de seus escritórios), médicos (nos seus consultórios) e tantos outros profissionais liberais.

Mas, será que, com todas as responsabilidades de uma profissão específica, há tempo para conciliá-la bem com a administração de um negócio? "Eu defendo que não se deve conciliar no sentido de "combinar', mas sim de 'harmonizar'. A atividade administrativa faz parte da profissão dessas pessoas", afirma Fábio Zugman, autor dos livros "Empreendedores esquecidos" e "Administração para profissionais liberais".

Para Zugman, entretanto, "o problema é que a maioria das escolas – e boa parte dos próprios profissionais – se esquece" de que administrar é algo intrínseco à carreira de qualquer um que opte por trabalhar por conta própria.

"Como os profissionais liberais colocam uma grande ênfase em suas habilidades, muitas vezes veem as tarefas administrativas como 'a parte chata' que os impede de exercer sua tarefa principal. Isso é um erro. Eu costumo dizer para essas pessoas que elas devem enxergar a tarefa administrativa como uma higiene que fazem em suas profissões – algo que as permite trabalhar melhor", explica Zugman.

O cirurgião vascular Gerd Schreen – que atua em um dos maiores hospitais particulares do Brasil e ainda administra sua própria clínica – sabe muito bem o que é ter de se dividir entre as duas atribuições. Mas isso está longe de ser um incômodo para ele. "Ser médico é uma vocação e, mesmo que quisesse, não conseguiria me afastar da profissão que escolhi exercer há muitos anos. O contato com o paciente, a relação de confiança, a incrível experiência de cuidar do próximo não é algo que se pode achar com tanta profundidade em muitas profissões. Por outro lado, cuidar do próprio negócio é, ao mesmo tempo, um grande desafio e um grande prazer. Idealizar uma estratégia, perseguir e alcançar objetivos, metas, superar obstáculos e entraves burocráticos valorizam o empreendimento", explica.

Já a advogada Belisa Dinelli destaca que "administrar o próprio negócio possibilita uma melhor visão" do trabalho que desenvolve, e garante que "separar um tempo só para a administração do escritório" é fundamental.

"Disciplina na organização e principalmente no cumprimento da agenda é a chave para que você chegue ao final do dia sem a sensação de que falta um caminhão de coisas para resolver", complementa Gerd Schreen.

Para Fábio Zugman, a administração do tempo deve incluir até mesmo a previsão do que fazer em caso de surgirem, de última hora, espaços vazios na agenda. "O que fazer, por exemplo, quando um cliente falta e abre-se um espaço de uma hora durante o dia? Há formas de o profissional liberal se planejar para lidar com essas questões", ressalta.

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