segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Brasil precisa corrigir distorções sociais para crescer com solidez, afirma Nouriel Roubini

"Doutor Catástrofe" – a despeito da pecha de pessimista que lhe é atribuída desde 2000, quando fez previsões nada animadoras para a economia global – falou com otimismo sobre o futuro do Brasil.

Por Simão Mairins, www.administradores.com.br

No início dos anos 2000, o economista Nouriel Roubini, turco naturalizado norte-americano, ganhou o apelido de Doctor Doom (Doutor Catástrofe), nome de um personagem vilão da Marvel Comics, pelas suas previsões nada otimistas sobre a economia global. Um pouco mais tarde, ele chamou atenção para a crescente bolha especulativa no setor imobiliário dos Estados Unidos. Mas, em ambas as situações, pouca gente lhe deu ouvido.

Agora, que as profecias se cumpriram, o arauto das más notícias se converteu em uma espécie de guru (no sentido estrito da palavra), ouvido com atenção por ministros de finanças, executivos e acadêmicos com bastante atenção.

Na HSM ExpoManagement, nesta terça (8), em São Paulo, Roubini falou a um público de cerca de 3 mil pessoas, entre executivos e profissionais em cargos de liderança de empresas privadas e públicas brasileiras. O tom não foi necessariamente otimista. Ao analisar a economia global, ele destacou pontos críticos, como a guerra cambial entre EUA e China e previu ainda um tensionamento nas relações dos chineses com o Brasil, também por causa da desvalorização forçada do yuan.

Ao falar sobre o Brasil, entretanto, Roubini disse acreditar em um futuro de crescimento. "O Brasil tem um Banco Central relativamente independente, a inflação controlada, um sistema financeiro sólido, uma classe empreendedora boa, muitos recursos naturais e deve crescer bem", afirmou.

O economista ressaltou, porém, que esse crescimento depende, necessariamente, da solução rápida de problemas crônicos que o país ainda não conseguiu superar. Caso contrário, acredita ele, viveremos sempre reféns do dilema de sempre: economia acelera, inflação sobe. Para a inflação cair, pisamos no freio.

O caminho para o Brasil crescer de forma sustentável a uma taxa superior a 5% e sem medo da inflação, segundo Roubini, é "investir em educação, qualificação, capital humano, capacitação da mão de obra com investimentos públicos e privados. Além disso, moderar o tamanho do governo e cortar gastos e tributos excessivos".

Resolver os problemas de cunho social também é um pré-requisito para o crescimento sólido, acredita Roubini. Segundo ele, o país "tem que resolver dificuldades sociais e econômicas com reformas estruturais que lidem diretamente com as distorções microeconómicas".

"A desigualdade social traz efeitos negativos ao desenvolvimento econômico. Quanto mais problemas econômicos, mais dificuldades temos", disse Roubini.

"É importante ter um sistema de bem estar social que distribua riqueza, mas, mais ainda, que dê educação e saúde aos menos privilegiados. Se isso for assegurado, o futuro do Brasil e da região (América Latina) deve ser muito positivo", destacou o economista.

Siga os posts do Administradores no Twitter: @admnews.
Siga o Prof. Milton Araújo no Twitter: @Milton_A_Araujo