quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O aluno é só um cliente?

Estamos falando do tipo de relação mantida entre escolas e os alunos, uma relação em que o foco, que deveria estar na educação, concentra-se no consumo .

Por Revista Administradores, www.administradores.com.br

A cada ano, mais cursos superiores surgem no país, muitos deles oferecidos por faculdades particulares. Dentro de algumas dessas instituições de ensino está o segundo perigo. Estamos falando do tipo de relação mantida entre elas e os alunos, uma relação em que o foco, que deveria estar na educação, concentra-se no consumo.

Funciona assim: o estudante, querendo comodidade, busca uma instituição onde a aquisição do diploma será facilitada; já algumas faculdades, dispostas a satisfazer seus clientes, não impõem barreiras a essa busca e, por isso, acabam priorizando menos a formação e muito mais a satisfação do consumidor. Terminado o curso, o cliente (estudante) sai feliz, porém, pouco qualificado profissionalmente.

No mercado de trabalho
Consequência: A professora da FGV/RJ Sylvia Vergara notou que esse problema teve origem há cerca de quatro décadas. "A A partir dos anos 70, com a crise do petróleo, as políticas educacionais têm sido fortemente influenciadas pela ideologia neoliberal, que propõe a privatização do ensino médio e superior, e restringe a ação do Estado à garantia da educação básica, deixando os outros níveis de ensino sujeitos às leis da oferta e da procura", afirma, no artigo Reflexões sobre o conceito de aluno-cliente nas instituições de ensino superior brasileiras.

Foi nesse contexto que as instituições de ensino superior começaram, pouco a pouco, a se multiplicar e inauguraram a tal relação perigosa na qual o indivíduo que ensina (professor) se torna um prestador de serviço, aquele que aprende (aluno) se torna cliente e o ensino se transforma em um produto. O resultado é que a educação se transforma em um mercado a ser explorado sem limites. "Há uma diferença fundamental em formar administradores ou qualquer outro profissional e 'dar ensino superior'", alerta Antônio Vico Manãs, professor de Administração da PUC de São Paulo. Para ele, quem busca ensino e educação (e não uma relação de consumo) deve ter consciência de que um bom curso de Administração irá, acima de tudo, "gerar possibilidades para que os alunos possam refletir, criar e efetuar mudanças e processos com excelência."

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