quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando o corpo docente não interage entre si e com os alunos: o que fazer?

Em muitas instituições de ensino superior, o corpo docente nem sempre funciona como um "corpo".

Por Revista Administradores, www.administradores.com.br

Quem passou por uma faculdade, seja ou não de Administração, certamente já ouviu o seguinte desabafo: "meus professores estão mais interessados em participar de disputas por poder e produtividade do que em interagir entre si e com os alunos".

De fato, em muitas instituições de ensino superior, o corpo docente nem sempre funciona como um "corpo". Em vez de agir de modo integrado, promovendo discussões, análises, debates e pensando conjuntamente os rumos do curso e a qualidade do ensino, muitos professores ficam isolados em suas disciplinas e pesquisas. Os alunos, por sua vez, acabam não encontrando, na figura do mestre, o guia e conselheiro que se espera – em vez disso, deparam-se com docentes inacessíveis, com pouco tempo disponível para orientar e aconselhar.
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Má-vontade dos professores? Não obrigatoriamente. Na maioria das vezes, o próprio sistema de ensino é responsável por esse problema. Um exemplo está na quantidade de aulas que cada professor precisa ministrar ao longo do ano letivo. "Em geral, os professores brasileiros dão muito mais aulas do que os de outros países. E isso tem um impacto na qualidade do curso e também no tempo que ele irá dedicar à interação com os alunos e ao desenvolvimento de pesquisas acadêmicas", avalia Paulo Prochno. Outro exemplo vem do sistema de avaliação da Capes, que mede a qualidade dos cursos de pós-graduação distribuindo pontos tomando como referência, entre outras coisas, a quantidade de artigos produzidos pelos professores. Na busca pela quantidade, a qualidade fica comprometida e pesquisas mais aprofundadas dão lugar a investigações superficiais e de curta duração.

Consequência: O resultado é uma maratona nada saudável nas faculdades, com os docentes correndo para cumprir todas as metas impostas a eles anualmente: dezenas de aulas, centenas de provas, milhares de temas a serem transmitidos, além de artigos que precisam ser escritos e publicados para conquistar os tais pontos da Capes. E, nessa maratona, o aluno, que deveria ser o centro das atenções, transforma-se em mero expectador. Sem orientação adequada e sem um corpo docente que esteja, constantemente, repensando e pensando como educá-lo melhor, a desmotivação entra em cena e isso vai afetar toda a trajetória do estudante e futuro profissional.

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