segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Futuro da Petrobras está lastreado no Pré-Sal

Na prática, não somos autossuficientes na produção de petróleo. Dependemos de importações para cobrir nosso déficit e qualquer alteração que seja promovida na composição da gasolina gera um aumento das importações.

Por Reginaldo Gonçalves, www.administradores.com.br

O recente aumento do dólar em relação ao Real está gerando discussão intensa sobre os problemas de alavancagem das empresas em geral, pois quem possui valores a receber em moeda norte-americana terá um valor nominal maior em dinheiro brasileiro. Uma desvalorização de cerca de 20% poderá incrementar o lucro dos exportadores, mas, de outro lado, poderá levar empresas endividadas em dólar a um prejuízo financeiro significativo, refletido no seu resultado e no bolso do investidor.

No caso da Petrobrás, já foi dito, em entrevistas do diretor financeiro, Almir Barbassa, que o reflexo estará no resultado do terceiro trimestre de 2011, podendo ocorrer redução de lucratividade e prejudicando os acionistas como um todo, embora isso possa ser atenuado pelo fato de a companhia ter hedge cambial relacionado ao seu endividamento, em torno de 50%.

A questão do Pré-Sal colocada pela empresa como estratégia de longo prazo poderá ser frustrada, dependendo dos custos de extração, podendo tornar o petróleo retirado dessa camada mais caro que o importado ou produzido por outro tipo de matriz. Essa preocupação é pontuada quando o próprio presidente da Petrobrás salienta que a empresa, no curto prazo, não remunerará de maneira adequada os investidores, e sim, é um investimento comretorno futuro. Resta saber o quão longo é prazo considerado nas estratégias da empresa.

Na prática, não somos autossuficientes na produção de petróleo. Dependemos de importações para cobrir nosso déficit e qualquer alteração que seja promovida na composição da gasolina, como a redução do etanol de 25% para 20% na mistura, gera um aumento das importações. Com a desvalorização do real, o custo acabará sendo refletido no consumidor final.

Reginaldo Gonçalves é coordenador de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.

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