terça-feira, 4 de outubro de 2011

Programa "Territórios da Cidadania" quer beneficiar 800 mil empreendedores no Brasil

Sebrae vai investir 180 milhões para promover consultorias técnicas até 2013.

Agência Sebrae

Brasília - A goiaba que acabava apodrecendo no quintal de dona Maria Alves Costa, madura demais para ser vendida na Feira de Itaporã (MS), virou doce, geleia e polpa e faz uma diferença e tanto na renda da família toda.

Inicialmente cinco, as pousadas do vilarejo de São Miguel do Gostoso (RN) foram multiplicadas para 26 e hoje são disputadas por turistas estrangeiros, para alegria de Ruiz Mazurek, um dos donos da Pousada Casa de Taipa.

O mamão que José Manoel do Nascimento vendia a R$ 0,65 o quilo para atravessadores na região de Maxaranguape (RN) agora rende R$ 1,10 o quilo, comercializado diretamente em supermercados de todo o estado, também do Ceará, São Paulo e até de Portugal.

Assim como dona Maria, José Manoel e Ruiz, centenas de milhares de novos empreendedores ou de micro e pequenas empresas estão sendo beneficiados com o projeto do Sebrae nos Territórios da Cidadania. O programa leva atendimento e consultoria técnica às regiões mais carentes do país, fomentando o empreendedorismo, a formalização da economia e o desenvolvimento regional. Na segunda etapa do programa, que começou em 2011 e vai até 2013, serão investidos R$ 180 milhões.

O projeto Territórios da Cidadania foi lançado pelo governo federal em 2008, com o envolvimento de 22 ministérios. O objetivo era trabalhar em três eixos: inclusão produtiva, infraestrutura e acesso à cidadania. A participação do Sebrae, inicialmente em 55 dos 120 territórios, logo se mostrou gratificante. "Conseguimos chegar a comunidades mais distantes e carentes, onde faltava todo tipo de informação e apoio técnico para a inclusão produtiva. O resultado foi a formalização de um sem-número de negócios e o fortalecimento do tecido econômico", resume o gerente de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional, André Spínola.


Associações
Em Santa Terezinha, no território da Grande Dourados, onde mora dona Maria Alves, a ideia de aproveitar as goiabas descartadas na hora de vender na feira de Itaporã rendeu outros frutos. Primeiro a criação da Associação de Mulheres Rurais Empreendedoras de Santa Terezinha, dedicadas à produção de doces, sorvetes e alimentos à base de goiaba, e depois a comercialização dos produtos. Além de evitar o desperdício, o novo negócio orientado pelo Sebrae ganhou as mercearias do município e de Dourados.

No caso de José Manoel do Nascimento, que hoje lucra o dobro com a venda do mamão, o segredo foi a formação de uma cooperativa com outros 80 produtores, que teve o apoio técnico do Sebrae. Sem as limitações legais da antiga associação de produtores, a Coapaz - presidida por Manoel - ele livrou-se dos atravessadores e conseguiu um preço mais justo para seus produtos. "Trocar ideia é que dá certo", resume o produtor-empresário.

Ciclo
O empreendedorismo e o crescimento dos negócios locais aumentam a renda da população, gerando empregos formais e fazendo que o dinheiro gire na própria comunidade. "Ao mesmo tempo em que os municípios dependem das pequenas empresas, o crescimento delas depende da criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento das cidades", diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos.

Todos os lugares, enfatiza o diretor, têm potencial para gerar produtos competitivos e promover o desenvolvimento regional. "O desafio está em transformar esse potencial em produto atraente ao mercado". Segundo ele, isso requer estratégia, planejamento, ação política e integração entre os empresários.

O objetivo do Sebrae é levar esse ciclo virtuoso a todos os 120 territórios da cidadania, incluindo cerca de 800 mil empresas ou empreendedores individuais, com atendimentos coletivos, por meio de consultorias, palestras, feiras, oficinas e rodadas de negócios, e também atendimentos individuais, com foco no programa Negócio a Negócio, pelo qual o Sebrae oferece orientação na própria empresa.

Prêmio
Ruiz Mazurek era executivo em uma multinacional em São Paulo e deixou tudo para abrir uma pousada em uma praia paradisíaca do Rio Grande do Norte. Ele buscou apoio do Sebrae para mergulhar no mundo do micronegócio. Aprendeu a organizar o modelo de gestão e traçar o planejamento estratégico para a empresa. No ano passado, Mazurek e os sócios receberam o prêmio de melhor microempresa do Rio Grande do Norte no setor de turismo.

"Não dá para atirar no escuro na hora de empreender. É preciso ter o pé no chão", pondera Mazurek, de bem com a vida em São Miguel do Gostoso, um dos municípios do território de Mato Grande, que atrai turistas do mundo inteiro. Há cinco anos, havia 100 leitos à disposição dos turistas, hoje são mais de 550. Sem falar nos restaurantes e nos pequenos negócios que se multiplicaram, impulsionando a economia local.

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