segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Crise econômica: já vimos essa história

Grande parte dos títulos da dívida grega está em poder dos bancos franceses, assim como os da dívida francesa estão em poder das instituições financeiras alemãs e como os títulos da dívida americana estão em poder dos bancos chineses.

Por Constantino Carbonar Neto, www.administradores.com.br

Nos últimos dias, os meios de comunicação dedicaram grande espaço às notícias relacionadas às oscilações das Bolsas de Valores do mundo todo. Baixas de 2 a 4% foram comuns, mesmo em economias consideradas sólidas, como a da Alemanha. E como navegantes em um mar revolto, todos se perguntavam: quando esta tempestade passará? O que causou tal reação?

Observa-se que a dívida interna de muitos países iguala-se à riqueza produzida por esses mesmas nações. Vê-se que os gastos dos governos superam o que conseguem arrecadar. Nota-se um crescimento baixo das economias, dificultando a alocação de mão de obra disponível, causando desemprego e gerando tensão social.

A reação natural em tal situação seria reduzir os gastos e procurar aumentar as receitas, eliminando as distorções e garantindo um superávit que funcionasse como um colchão que amortecesse as eventuais oscilações. Porém, as autoridades envolvidas normalmente procuram aumentar o índice de endividamento permitido, buscam renegociar as dívidas, alongando-as e tolerando que os gastos possam continuar.

O problema é que o sistema financeiro é globalizado. Grande parte dos títulos da dívida grega está em poder dos bancos franceses, assim como os da dívida francesa estão em poder das instituições financeiras alemãs e como os títulos da dívida americana estão em poder dos bancos chineses. Qualquer colapso em uma dessas economias repercutirá no mundo como um todo, como o que se observou no segundo semestre de 2008.

O interessante é que, enquanto tal situação acontece nos países chamados do primeiro mundo, os fundamentos macroeconômicos dos emergentes caminham com muito mais tranquilidade. Embora existam muitas melhorias a serem feitas, os indicadores estão no azul, possibilitando a movimentação das economias locais.

O interessante ainda é que tal situação foi conseguida sob a supervisão das nações desenvolvidas, que ajudaram, ditaram regras e exigiram ações dos emergentes, entre eles, nós. E agora são eles, os países do primeiro mundo, que se encontram em situação caótica. Será que desaprenderam? Talvez precisem aprender conosco.

Constantino Carbonar Neto é coordenador do curso de Administração da Faculdade Santa Marcelina.

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