segunda-feira, 29 de agosto de 2011

iWas Steve Jobs: entenda por que a Apple se tornou o que é

Há quem compare o que Jobs faz à religião. Ele é o messias, a Apple Store é a Meca e nós não somos meros consumidores, somos seguidores e adoradores.

Por Marcos Hiller, www.administradores.com.br

O mundo da tecnologia acordou triste na quinta-feira, 25 de agosto. Após uma longa, histórica e bem-sucedida jornada à frente da Apple, Steve Jobs abandonou a sua empresa. Ele é um gênio! Ao mesmo tempo em que demitia funcionários nos elevadores da companhia em Cupertino/Califónia, de lá eram lançados produtos habitualmente causadores de frisson em todo o Planeta, embora ele não fizesse pesquisa com consumidores para desenvolvê-los. Ao mesmo tempo que ele diz, com a maior naturalidade, que o trabalho de 200 engenheiros que se debruçaram em um projeto durante dois anos de nada valeu, lança um MP3 com apenas um botão no meio, e é líder de categoria no segmento. Esse é o mago!

Se tivesse a dura missão de resumir Steve Jobs em poucas palavras, limitar-me-ia a dizer "paixão aos detalhes e intuição." Tudo que a Apple fez, faz e fará carrega esses dois valores de modo sublime. Todos os produtos da empresa têm uma extrema atenção aos detalhes, tudo muito bem calibrado, bem pensado, e todo novo design tem um racional fortíssimo por trás.

O cabo de energia é preso com imã ao computador, pois se você tropeça no fio não joga seu trabalho no chão. O botão de liga/desliga é sempre atrás. Caso você esbarre, isso não deletará seu projeto todo. Tudo é muito intuitivo. Nunca mexemos em um iPad, mas quando pegamos um parece que já sabemos onde as coisas estão. Todo produto da Apple é assim. O iPad, logicamente, não possui manual de instruções, pois aprendemos a operá-lo sozinho, mas se você é da geração X e não abre mão dele, sem problemas. Vá ao site da Apple e baixe o PDF.

Jobs deixa um legado incomparável na gestão da empresa. Há quem compare o que ele faz como algo parecido com religião. Ele é o messias, a Apple Store é a Meca da tecnologia mundial e nós não somos meros consumidores, somos verdadeiros seguidores e adoradores. E resta a Tim Cook agora, o mais novo CEO da companhia, fazer jus à fama de seu antecessor, e vestir a camisa 10 do "Pelé da Inovação". É uma camisa pesada, um crachá com brilho próprio e ao qual estarão atentos os olhares ávidos de nós, os consumidores. Vale lembrar que Steve Jobs era rodeado por outros gênios. Um deles é Jonathan Ive, que, ao mesmo tempo em que passeia em seu Aston Martin pelas praias da Califórnia, também desenha produtos como o iMac.

Jobs é um gênio provocativo. Ele desafiou o mercado editorial com os e-Books, que vieram para ficar e crescem de maneira avassaladora. A maior evidência disso é o pedido de falência da gigante Borders (simplesmente a segunda maior livraria dos Estados Unidos), e uma das grandes razões se deve ao fato deles não terem ido de modo tão agressivo para o segmento de e-Books. E Jobs avisou. Os livros físicos estão com os dias contados, pois ocupam andares e mais andares de bibliotecas, são ecologicamente incorretos e pesam nas nossas mochilas. Os livros digitais nada pesam, são mais facilmente compartilhados, são gostosos de ler e a natureza agradece.

Steve Jobs e a sua Apple ditam a vanguarda tecnológica e, ao mesmo tempo, geram uma rápida e proposital obsolescência de seus produtos. O iPad 1 que, até o ano passado, estava na crista da onda, hoje já é velho. Dentro de anos, será item de museu. Não me restam dúvidas de que Tim Cook e seu brilhante time de engenheiros e designers já estão com o iPad 3 pronto, o iPad 4 já no protótipo e o iPad 17 já idealizado. E cabe a nós, consumidores, sermos engolidos por esse tsunami de gadgets. A verdade é que eu não preciso de iPad 2, mas tenho de ter. Obrigado, Jobs!

Marcos Hiller - é coordenador do MBA em Branding (Gestão da Marca) na Trevisan Escola de Negócios (@marcoshiller).

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