quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Apagão de conhecimento: procuram-se empregados

Estamos preparados para suprir os empregos que serão ofertados? No século passado importamos mão de obra italiana para a nossa lavoura cafeeira. E agora, como nos portaremos?

Por João José Lannes , www.administradores.com.br

A considerar o grande número de eventos internacionais e a posição de destaque que a economia brasileira vem alcançando no cenário internacional, nada mais natural que esperar um consequente aumento na oferta de empregos.

Mas estamos preparados para suprir os empregos que serão ofertados? No século passado importamos mão de obra italiana para a nossa lavoura cafeeira. E agora, como nos portaremos?

Estamos diante de um quadro de falta de estrutura interna em todos os campos. Vários tipos de apagões estão acometendo o nosso país. Uns com maior intensidade do que outros. Apagões relacionados à falta de infraestrutura ganham maior repercussão ocupando espaços na mídia e, consequentemente, maior espaço para discussão. Por outro lado, apagões ligados à área cultural ou acadêmica não são tão debatidos ou comentados, mas nem por isso deixam de ser uma triste realidade.

Não por acaso o Brasil foi classificado em 58acolocação em nível de competitividade, dentre 139 países analisados, sendo superado por países da América Central – Costa Rica e Panamá, da África – Maurício, e Asiáticos – Brunei, Montenegro, Lituânia, entre outros.

Na educação, a 88ª posição obtida dentre 128 países analisados colocou Paraguai, Equador e Bolívia à frente do Brasil no índice de Desenvolvimento Educacional. O PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, classificou o Brasil em 55º em "Compreensão e Leitura", também 55º em "Cultura Matemática" e 53º em "Cultura Científica".

Na área empresarial, a agora 7ª economia mundial ocupa a 22ª colocação em certificações ISO 9000.

Apagão é um fenômeno negativo que ocorre toda vez que um recurso passa a ser utilizado de forma crescente, gradativa e sua reposição não é feita na mesma proporção. O crescimento planejado pelos nossos governantes, menos a capacidade do nosso sistema de ensino, público ou particular, de produzir capital intelectual em proporções suficientes para suprir a demanda por mão de obra especializada tem como resultado o que convencionou-se chamar de apagão, a quantidade demandada e não atendida.

Chegamos ao título de nosso artigo: "Empregados, procuram-se!". Os dados são aterradores: 70% das indústrias do Brasil estão com dificuldades de encontrar profissionais qualificados. Setores estratégicos como o da aviação estão sem possibilidade de crescimento por falta de pilotos ou de despachantes operacionais de voo. Mesmo a indústria da construção, cuja demanda por mão de obra, tradicionalmente elevada, mas sempre atendida em decorrência de um menor nível de qualificação, está vivendo momentos únicos com obras em ritmo lento.

É imperativo que ações efetivas, objetivando a reversão desse quadro, sejam imediatamente implementadas. Ampliar a oferta e facilitar o acesso a cursos de formação e qualificação, bem como a sistemas de financiamento dessas ações, estão na pauta de empresas e organizações não governamentais.

O crescente número de novas profissões tem imposto a identificação de novas disciplinas. O avanço das denominadas TIC's – Tecnologias de Informação e Comunicação, vem impondo o desenvolvimento de novas metodologias e facultado o acesso, indiscriminadamente, do conhecimento a qualquer um que tenha a possibilidade de se conectar a Internet.

Esses são desafios que o mundo precisa responder. Intermediar a oferta de ações de treinamento, formação e qualificação é um primeiro passo. Facilitar a identificação da melhor ação, adequando o tipo da necessidade às alternativas de oferta existentes e, dentro do possível, às formas de financiamento conhecidas é o caminho a ser seguido.

Incentivar iniciativas dessa natureza é uma obrigação dos governantes em qualquer esfera de poder em que se encontre – municipal, estadual ou federal – e cobrar esse incentivo é um dever de cada brasileiro preocupado em assegurar um país cada vez maior e melhor para se viver, trabalhar e investir.

João José Lannes é engenheiro, diretor do Grupo LANNES & HOFFMANN e fundador da Cauax

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