sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Instituições de ensino privadas são essenciais para o Brasil

Estima-se que mais cem mil vagas sejam criadas nas universidades públicas federais; mesmo assim,continuamos com uma demanda reprimida de 800 mil alunos/ano fora do Ensino Superior.

Por Custódio Pereira , www.administradores.com.br

As instituições privadas de Ensino Superior assumem posição muito estratégica no Brasil, pois depende delas o sucesso na consecução de três metas decisivas para o desenvolvimento nacional: atendimento à demanda anual de alunos; formação de recursos humanos qualificados e em número suficiente, para impedir o "apagão" de mão de obra que se delineia no País; e incremento da pesquisa e inovação, que, a despeito de seu avanço, não podem ficar restritas a poucas universidades, tanto públicas quanto privadas.

No tocante ao primeiro objetivo, cabe enfatizar que, a cada ano, formam-se dois milhões de jovens no Ensino Médio brasileiro, dos quais 1,1 milhão ingressam diretamente em faculdades . Esse número já inclui os bolsistas do ProUni (Programa Universidade para Todos) e os abrangidos pelo sistema de quotas. Apesar de o ProUni ter contribuído para que expressivo contingente de jovens passasse a ter acesso à educação universitária, a verdade é que ainda temos um déficit anual de 900 mil estudantes. Estes não conseguem entrar em instituições públicas ou não podem arcar com a anuidades de escolas particulares.

Estima-se que mais cem mil vagas sejam criadas nas universidades públicas federais, em decorrência do investimento de R$ 2,4 bilhões anunciado pelo governo em 2010. Mesmo assim,continuamos com uma demanda reprimida de 800 mil alunos/ano fora do Ensino Superior. É preciso atendê-los com qualidade, o que somente é possível, em curto prazo, por meio de instituições privadas, mediante ampliação dos programas de bolsas de estudos, muito viáveis e exequíveis, conforme tem evidenciado o sucesso do ProUni. As faculdades particulares, portanto, devem estar cada vez mais preparadas para esse propósito.

Quanto à formação de recursos humanos, um desafio consentâneo com a capacidade de atendimento à demanda de alunos, não basta oferecer vagas; é crucial a qualidade da formação acadêmica. Um bom exemplo relativo às profissões de nível de Ensino Superior refere-se aos engenheiros. Formam-se 38 mil desses profissionais por ano no País, mas a demanda do mercado é de 60 mil profissionais. A procura tende a ser cada vez maior, devido ao crescimento da indústria do petróleo e do Pré-sal.

Finalmente, no que diz respeito à pesquisa e inovação, ainda é insipiente o seu desempenho no contexto das instituições particulares, aocontrário do que se observa em numerosos países desenvolvidos, em especial no tocante à ciência aplicada. É verdade que são relevantes os avanços do Brasil nesse campo tão decisivo. Nossas universidades formam cerca de 12 mil doutores por ano, número que deverá crescer de modo significativo a partir do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG). O País também já havia alcançado o 13o lugar no ranking mundial da produção científica, posição conquistada em 2008. Naquele ano, a publicação de artigos científicos atingiu a expressiva marca de 30.451.

Um exemplo muito interessante vem da União Europeia, especificamente da Espanha. O programa "Campus de Excelência Internacional" – que surgiu por conta da crise econômica nacional – conta com 37 projetos de 35 universidades que são mantidos com 70% de recursos públicos e o restante dofinanciamento é proveniente de empresas. Para este auxílio, estas organizações observam os projetos.

Entretanto, esses indicadores estão aquém das necessidades de uma nação com 190 milhões de habitantes, detentora da maior reserva hídrica, da mais ampla biodiversidade, da mais extensa área disponível para agricultura e bioenergia e de uma das mais abundantes reservas petrolífera do mundo (a do Pré-sal). Ou seja, um país que precisa de conhecimento e tecnologia para converter seus fabulosos recursos naturais em fatores de soberania, geração de riquezas, criação de empregos e vantagens competitivas no âmbito da economia mundial. Não podemos esperar que toda essa demanda possa ser atendida apenas nos laboratórios acadêmicos do setor público.

Por todas essas razões, a gestão das instituições privadas do Ensino Superior deve ser eficaz e profissional. Essas escolas, tão ou mais do que as empresas, precisam responder aos requisitos contemporâneos da sustentabilidade, sendo economicamente viáveis e, principalmente. socialmente justas, para terem longevidade, poderem receber alunos de todas as esferas socioeconômicas, lhes ministrar educação acadêmica de excelência e produzirtecnologia e conhecimento.

Estamos construindo o Brasil que queremos para o futuro dos nossos filhos e netos e temos uma enorme responsabilidade em dar o que temos de melhor, independente de sermos com ou sem fins lucrativos O País precisa que seja assim!

Custódio Pereira, economista e especialista em Ensino Superior, é diretor geral da AssociaçãoSanta Marcelina, mantenedora dos colégios e faculdades Santa Marcelina.

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