quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Escassez de mão de obra qualificada torna mercado de petróleo e gás um dos mais atraentes para profissionais

Com vagas sobrando e altos salários, demanda por trabalhadores na área deve continuar em alta pelo menos até 2020, tanto no Brasil quanto no exterior.

Por Simão Mairins, www.administradores.com.br

No furor do bom momento vivido pela economia brasileira (e sendo, inclusive, um dos responsáveis por ele), o setor de petróleo e gás tem se posicionado como um dos mais promissores, principalmente após as descobertas do pré-sal. Como consequência imediata, a demanda por profissionais para as diversas áreas que envolvem seus processos – da exploração à comercialização nos mercados internacionais – cresceu bastante e deve permanecer em alta, pelo menos, até 2020. Em contrapartida, o número de pessoas qualificadas para esse tipo de trabalho ainda é bastante inferior à necessidade das companhias, o que – em um primeiro momento – gera pelo menos dois fatores aos quais os interessados em atuar nessa área devem ficar atentos: vagas sobrando e salários cada vez mais altos.

"As perspectivas são promissoras, visto que a previsão de investimentos no setor é grande para os próximos anos. Só o montante anunciado pela Petrobras já indica a ordem de grandeza da abertura de novas vagas: serão US$ 224,7 bilhões de 2011 a 2015", explica Goret Pereira Paulo, diretora adjunta e coordenadora do Núcleo de Energia do FGV in company.

O crescimento do setor tem ainda reflexos diretos em outras áreas com as quais está relacionado, gerando paralelamente o aumento da demanda por profissionais também nesses segmentos. "Se levarmos em conta que os projetos vão movimentar também a indústria de novos equipamentos, de ferro e aço e o fornecimento de uma série de serviços, podemos multiplicar esse investimento por quatro ou cinco", afirma Goret.

Formação urgente e necessária
Pelo menos 173.686 pessoas já se deram conta do bom momento que o mercado de petróleo e gás vive hoje. Esse foi o número de inscritos no último concurso da Petrobras para cargos de níveis médio e superior cujos salários ultrapassavam os R$ 6 mil.

Ter vagas no mercado não significa, entretanto, que elas estão lá para serem preenchidas pelo primeiro que chegar. O grande calo enfrentado hoje pelo setor de petróleo e gás é a falta de profissionais capacitados, e para isso só existe uma solução: capacitá-los.

"Várias cursos de faculdades já estão se adaptando na especialização e formação de profissionais para o setor de óleo e gás. Contudo, não há no mercado hoje mão de obra especializada para algumas áreas como o pré-sal, por exemplo", afirma Gabriel Jacintho, especialista em assuntos relacionados a petróleo e gás.

"O pré-sal, por enquanto, ainda é uma promessa de um grande negócio ― digo "promessa", pois as estimativas precisam ser confirmadas ―, mas a sua exploração envolve uma tecnologia muito sofisticada que ainda nem foi completamente desenvolvida", complementa Goret.

A coordenadora do Núcleo de Energia da FGV in company ressalta ainda algumas áreas em que a demanda é maior. "O setor precisa de profissionais qualificados em diversos segmentos, mas destaco quatro, devido à natureza do negócio: análise de risco, finanças, logística e planejamento. De uma maneira geral, faltam engenheiros e mais ainda: engenheiros com conhecimento de gestão, uma das principais reclamações das empresas. O setor também está carente de mão de obra especializada em gestão de projetos, regulação, meio ambiente, apoio offshore, processamento e refino, distribuição e revenda", detalha Goret.

Apesar das dificuldades, entretanto, o especialista Gabriel Jacintho se mostra otimista. "A intenção é de que o setor e a economia brasileira não tenham seu crescimento travado por falta de profissionais qualificados. As faculdades devem responder de forma efetiva aos desafios e as complexidades do setor", afirma.

Onde estão as oportunidades
Todo o Brasil, no final das contas, deve se beneficiar com o bom desempenho do setor de petróleo e gás. Mas algumas regiões específicas concentram as principais atividades e é nelas onde está grande parte das vagas. "São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro são estados fortes no setor e sempre precisarão de mão de obra qualificada. Nos últimos anos, o setor de extração e refino de petróleo também vem sendo responsável, direta ou indiretamente, por novas vagas na Região Nordeste, que deverá sediar novas refinarias", explica Goret Pereira Paulo.

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